Esse assunto já vem se estendendo há algumas semanas, e não deve acabar tão cedo.
Recapitulando a situação: no início de julho o governo indiano proibiu aplicativos chineses do país, incluindo o TikTok. Depois disso, o governo dos EUA sinalizou que estava considerando fazer isso também, por ter preocupações de que o app pudesse ser usado como ferramenta de vigilância e propaganda para o regime chinês. Poucos dias depois, devido à essas preocupações, a Câmara dos Deputados votou pela proibição do aplicativo de todos os dispositivos emitidos pelo governo. No momento, o TikTok já está proibido em todos os dispositivos militares dos EUA, Reino Unido e Austrália devido ao seu potencial para rastreamento de dados.
E então, na última sexta-feira, surgiram relatos de que a Microsoft estava considerando uma aquisição do TikTok. Mais tarde no mesmo dia, Donald Trump disse que iria proibir o aplicativo nos EUA, provavelmente dentro de alguns dias.
Vários assessores de Trump alertaram que uma proibição poderia desencadear uma intensa batalha legal, além de prejudicar a popularidade do presidente entre os americanos mais jovens. O TikTok disse que 100 milhões de americanos o usam.
No domingo a Microsoft publicou uma declaração oficial, confirmando que tem a intensão de comprar o TikTok da ByteDance e que também já estava em diálogo com o presidente Trump para continuar a exploração de uma possível compra do aplicativo. Depois disso, Trump mudou seu discurso, ao declarar que “[o aplicativo] não pode ser controlado, por razões de segurança, pela China – muito grande, muito invasiva – e aqui está o acordo: não me importo se, seja a Microsoft ou outra pessoa, uma grande empresa, uma empresa segura, muito americana, compre-o. […] Eu sugeri que [o CEO da Microsoft, Satya Nadella], possa seguir em frente, que ele pode tentar. Marquei uma data por volta de 15 de setembro, quando os negócios serão encerrados nos Estados Unidos, mas se alguém, seja Microsoft ou outra pessoa, comprar, isso será interessante“.
Ou seja, de forma simples, ou o TikTok se torna propriedade dos EUA, ou será banido. Claro que existem várias nuances nessa declaração – questões legais e políticas principalmente. Mas no momento, isso significa que o TikTok tem mais algumas semanas ativo no país.
De qualquer modo, parece improvável que a plataforma seja desligada. O TikTok em si vale, de acordo com algumas estimativas, cerca de US$ 50 bilhões, e se a opção for vendê-la para a Microsoft (ou para outra) por algo próximo a esse valor, ou perder completamente, espera-se que o acordo seja feito. Essa é, inclusive, a principal especulação sobre a razão da ameaça do Trump de banir o TikTok – que estava apenas usando isso para forçar a ByteDance a vender o aplicativo para uma empresa de propriedade dos EUA.
A grande dúvida agora parece ser “o que vai acontecer se a Microsoft realmente comprar o aplicativo?”
A Vox explica que se a Microsoft, ou outra grande empresa americana, comprar o TikTok, é provável que a plataforma permaneça praticamente inalterada para os usuários finais. Afinal, eles já são uma marca valiosa em um setor lucrativo, com uma grande e dedicada base de usuários, o que daria para a Microsoft uma ótima oportunidade de competir seriamente com outras empresas como o Facebook e Google, no espaço de mídias sociais. Inclusive, com o apoio da Microsoft, o TikTok poderá continuar crescendo e ser levado mais a sério na competição do mercado.
Se você tem mais interesse em saber como o TikTok da Microsoft poderia funcionar, veja esse texto da OneZero.
Fontes: Vox: The TikTok-Microsoft-Trump drama, explained The New York Times: Trump Reverses Course on TikTok, Opening Door to Microsoft Bid Social Media Today: White House Gives TikTok Till September 15th to Sell its Business: Here’s What You Need to Know TechCrunch: Trump calls TikTok a hot brand, demands a chunk of its sale price