Uma investigação do grupo de direitos humanos Global Witness, em parceria com a equipe de Ciber-segurança para a Democracia, da NYU, divulgou um novo relatório sobre seus testes com anúncios contendo informações políticas falsas, que violam as regras das próprias plataformas.
A pesquisa mais atual aconteceu visando as eleições de midterms dos EUA, que se aproximam, e revelou que nos Estados Unidos, Facebook e TikTok ainda permitem que esse tipo de anúncios seja veiculado. Isso por si só, já dispara um grande alerta, mas a equipe revelou que fez o mesmo tipo de experimento no Brasil e os resultados foram ainda piores.
Sobre as plataformas nos EUA:
A investigação aconteceu de forma prática: para testar os processos de aprovação dos anúncios os pesquisadores enviaram, por meio de contas fictícias, 20 anúncios ao YouTube, Facebook e TikTok – os anúncios enviados foram iguais para todas as plataformas. De acordo com o relatório:
“No total, enviamos dez anúncios em inglês e dez em espanhol para cada plataforma – cinco contendo informações falsas sobre eleições e cinco com o objetivo de deslegitimar o processo eleitoral. Escolhemos direcionar a desinformação em cinco estados ‘campos de batalha’ que terão disputas eleitorais acirradas: Arizona, Colorado, Geórgia, Carolina do Norte e Pensilvânia”.
O relatório informa que os anúncios enviados continham informações claramente falsas que poderiam impedir pessoas de votar, como desinformações sobre quando e onde votar ou deslegitimando métodos de votação, como voto por correio. Os resultados foram os seguintes:
O Facebook aprovou 2 dos anúncios enganosos em inglês e 5 dos anúncios em espanhol
O TikTok aprovou 18 dos anúncios, bloqueando apenas um em inglês e outro em espanhol
O YouTube bloqueou a exibição de todos os anúncios
E o YouTube ainda baniu as contas que os pesquisadores usavam para enviar seus anúncios. No Facebook, porém, duas das três contas fictícias permaneceram ativas e o TikTok não removeu nenhum dos perfis.
Sobre a pesquisa realizada no Brasil:
“Em um experimento semelhante que a Global Witness realizou no Brasil em agosto, 100% dos anúncios de desinformação eleitoral enviados foram aprovados pelo Facebook e, quando testamos novamente os anúncios depois de conscientizar o Facebook sobre o problema, descobrimos que entre 20% e 50% dos anúncios ainda estavam passando pelo processo de revisão de anúncios”.
E o YouTube, apesar de ter um bom desempenho nos EUA, ainda precisa de muito trabalho em outras regiões. Afinal, teve um desempenho ruim em seu teste brasileiro, aprovando 100% dos anúncios de desinformação testados.
É importante destacar que nenhum dos anúncios foi de fato lançado.
Em resposta a Meta declarou: “Esses relatórios foram baseados em uma amostra muito pequena de anúncios e não são representativos devido ao número de anúncios políticos que analisamos diariamente em todo o mundo. Nosso processo de revisão de anúncios tem várias camadas de análise e detecção, antes e depois de um anúncio ser publicado. Investimos recursos significativos para proteger as eleições, desde nossos esforços de transparência líderes do setor até a aplicação de protocolos rígidos em anúncios sobre questões sociais, eleições ou política – e continuaremos a fazê-lo”.
O TikTok elogiou o feedback sobre seus processos e disse que isso o ajudará a fortalecer seus processos e políticas.
Relatório completo: Summary of findings: TikTok and Facebook fail to detect election disinformation in the U.S., while Youtube succeeds
Fonte: Social Media Today
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