A Câmara dos Deputados dos EUA votou a proibição do TikTok de todos os dispositivos ligados diretamente ao governo, por causa da preocupação com a coleta de dados e possível espionagem por autoridades chinesas. A proibição se estende a membros e funcionários do Congresso.
O Secretário de Estado, Mike Pompeo, já havia comentado em uma entrevista que o governo estava considerando uma proibição total do aplicativo, e o presidente Donald Trump já considerou essa possibilidade também, com declarações de que seria uma punição à China pela pandemia da COVID-19.
Para combater a onda de sentimentos negativos, a TikTok anunciou que planeja adicionar 10.000 empregos nos EUA nos próximos três anos, a fim de separar ainda mais suas operações da China e gerenciar seu grande crescimento de usuários nos EUA.
Um elemento-chave em seu atual crescimento de empregos tem sido com lobistas, encarregados de convencer o governo Trump e os legisladores de que a empresa opera independentemente da China – o que não parece estar funcionando muito bem, dado este último anúncio da Câmara.
O analista de tecnologia, Ben Thompson observa que, além de além da ameaça de roubar dados do usuário e compartilhá-lo com o regime chinês, o TikTok também pode ser uma preocupação com respeito a distribuir propaganda pró-China e silenciar histórias ou opiniões controversas.
As observações de Thompson estão alinhadas com um relatório publicado pelo Australian Strategic Policy Institute no final do ano passado, que chamou o TikTok de “um vetor para censura e vigilância”. O governo australiano citou recentemente o aumento das tensões globais como uma razão para aumentar seus gastos com defesa, o que também provocou novas questões por lá sobre se o TikTok deve ser autorizado a operar e potencialmente coletar dados sobre cidadãos australianos.
A empresa também teve que mudar seus planos de estabelecer uma nova sede global em Londres, devido a divergências contínuas entre o governo do Reino Unido e a China sobre o desenvolvimento da infraestrutura 5G por lá.
Além disso, a Reuters relatou que o TikTok foi recentemente multado em US$ 154.320,00 por autoridades sul-coreanas por “coletar informações pessoais de crianças menores de 14 anos sem o consentimento dos responsáveis e por não divulgar ou notificar ao enviar informações pessoais ao exterior”. No início do ano passado a empresa foi multada por violações semelhantes pelo FTC dos EUA em US$ 5,7 milhões.
Lembrando que o aplicativo já foi proibido na Índia, o segundo maior mercado de usuários do aplicativo, devido a disputas fronteiriças entre a Índia e a China, enquanto o próprio TikTok saiu recentemente de Hong Kong, em meio a tensões crescentes provocadas pela intervenção chinesa na região.
Todas essas preocupações combinadas estão ameaçando o crescimento do aplicativo, afinal, como o governo chinês tem embates com outras nações, em várias frentes, isso aumenta a pressão sobre todos os negócios de propriedade da China e seus negócios em outras nações.
O TikTok continua buscando maneiras de demonstrar sua independência e seus usuários já estão em campanha para manter o aplicativo ativo. Porém, muitos influenciadores da plataforma já estão diversificando seu alcance em outros aplicativos, pois procuram proteger as presenças que construíram.